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Espaço generalista de informação e de reflexão livres. Na verdade, o politicamente incorreto afigura-se, muitas vezes, como a mais eficaz solução para se ser humana e eticamente LEAL! Desde 18.ago.2008. Ano XI.
Como é sabido, o Ministério da Educação e Ciência, através do Secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, prepara-se para receber amanhã a Fenprof e a FNE. A este propósito, a Pró-Ordem não pode deixar de vir a público revelar os seguintes factos:
1º) Desde o dia 11 de Dezembro de 2012 que a Pró-Ordem oficiou ao Senhor Ministro da Educação e Ciência, solicitando-lhe uma reunião urgente, com a própria pessoa do Prof. Nuno Crato, para tratarmos da sobrecarga horária das tarefas letivas e não letivas dos docentes e de outros assuntos que por dependerem de decisão política, ultrapassam as competências de um secretário de Estado.
2º) Posteriormente, confirmámos junto dos serviços do respetivo Gabinete a receção daquele pedido.
3º) Entrámos no novo ano de 2013 sem que o MEC se dignasse dar qualquer tipo de resposta (sequer, ao menos, o cumprimento da protocolar boa educação de acusar os e-mails, fax, cartas, entretanto enviados…). Pelo que
4º) Durante os meses de janeiro e fevereiro, por diversas vezes, contactámos o Secretariado pessoal do Senhor Ministro, insistindo na necessidade de ser agendada aquela reunião entre a Direção Nacional da Pró-Ordem e o próprio Ministro. Debalde …
5º) Na passada semana, o Presidente da Pró-Ordem conseguiu, finalmente, chegar à fala, telefonicamente, com o Chefe de Gabinete do Ministro. Foi uma conversa simpática no plano pessoal, mas não passou disso, pois do ponto de vista institucional a reunião continua por agendar. Termos em que
6º) Somos levados a colocar a seguinte questão:
- Será que para conseguirmos uma simples reunião de trabalho com o atual Ministro, teremos de fazer previamente uma concentração de dirigentes sindicais à porta do Ministério?
7º) Se assim é, fica, desde já o aviso: caso a data para a referida reunião – com o próprio Senhor Ministro – não seja marcada até ao final desta semana, promoveremos uma ação à porta do Ministério.
Lisboa, 25 de Fevereiro de 2013
Pela Direção Nacional
O Presidente
Filipe do Paulo
Por José Manuel Alho
Na sequência da revelação de Gian Maria Vian, diretor do diário do Vaticano, "L'Osservatore Romano", sabe-se agora que Bento XVI tomou a decisão de renunciar ao papado há muito tempo, depois da viagem que fez ao México e a Cuba. No dia do anúncio ao mundo, e depois do cardeal Angelo Sodano ter comparado a resignação de Bento XVI a um "trovão em céu sereno", um raio - quiçá premonitório - atingiu a cúpula da Basílica de S. Pedro.
O exemplo de desprendimento e lucidez oferecido pelo Sumo Pontífice parece não encontrar acolhimento em muitos agentes desta nossa multifacetada República. Não há raios, com efeitos suficientemente redentores, que atinjam as cúpulas de muitas das nossas mui paroquiais basílicas cravadas neste manso território.
Daí que se lamente o triste retrato da política nacional, onde o fosso entre o discurso e as práticas de muitos de seus protagonistas é marcado pela falsidade contumaz, pela compulsão ao logro e pela insolência atávica. Ao longo dos séculos, muito já se falou a respeito da ética na vida pública. Muito também se escreveu sobre as formas e os expedientes moralmente inquinados de expressão da vontade popular. Até já houve quem se perguntasse se todos os cidadãos, sejam eleitos ou eleitores, não seriam, em potência, essencialmente corruptos.
"A coletividade tem permitido um conjunto de transgressões que entretanto abriu caminho a uma perigosa prole de intrujões que constroem reputações e acumulam fortunas socorrendo-se de retóricas pseudomoralistas, de um paternalismo que preconiza o sofrimento de muitos para a salvaguarda dos interesses de uns poucos. "
Inexplicavelmente, muitos dirigentes teimam em confundir notoriedade pública com legitimidade. Outros parecem ainda ignorar que a reputação e a credibilidade não são obtidas à custa de pomposas tiradas oratórias, usualmente bem regadas, ou através de posturas ensaiadas sob o erudito escrutínio de tarimbados especialistas em marketing eleitoral, mas – ao contrário – conseguidas a partir de obras concretas em favor do bem comum, da justiça social, da solidariedade e dos (reais) superiores interesses do país.
Assim, estaremos perante a mera deslealdade dos políticos ou algo ainda mais grave: o fim da decência pública? Para esta perceção de uma atmosfera de corrupção sistémica, que prostitui a vida pública e destrói a legitimidade da representação popular, muito terá contribuído a transformação dos mandatos eleitorais em salvo-conduto para negociatas, alicerçadas em tão poderosas quanto acintosas impunidades, que apagaram todas as fronteiras éticas nas relações, por exemplo, entre o público e o privado. A coletividade tem permitido um conjunto de transgressões que entretanto abriu caminho a uma perigosa prole de intrujões que constroem reputações e acumulam fortunas socorrendo-se de retóricas pseudomoralistas, de um paternalismo que preconiza o sofrimento de muitos para a salvaguarda dos interesses de uns poucos. E é nestas conjunturas que o regime democrático, diminuído por uma Justiça com malha larga, fica genuinamente ameaçado porque sujeito a nocivas derivas autoritárias que a História há muito se encarregou de sinalizar.
José Manuel Alho
(Antoine Rivarol)
Por José Manuel Alho
Na sequência das notícias vindas a público, confirmando a aprovação do anteprojeto da regeneração urbana da Praça Alameda 5 de Outubro, num investimento que poderá atingir 1,8 milhões de €uros, devo confessar a minha sentida desilusão.
Mais do que as questões formais já apontadas por quem de direito, das quais ressaltará a ausência de abertura de concurso público, cumpre lamentar que a intervenção a realizar naquela zona simbolicamente nevrálgica exclua a área envolvente à estação ferroviária, propriedade da CP – Comboios de Portugal.
A este propósito, recordo que a questão das praças – mormente as centrais – nas nossas cidades ganhou renovada acuidade na medida em que passou a denunciar o modo como o poder local pondera e define as suas funções. Num tempo em que os espaços públicos de lazer vão escasseando na paisagem urbana, diminuídos em favor de espaços privados, que privilegiam relações vincadamente mercantilistas em que o lazer se tornou um produto somente ao alcance de alguns, cumpriria, ao mesmo tempo que se auscultam as legítimas aspirações da população, descortinar que modelo(s) arquitetónico(s) defenderá a o atual executivo camarário para aquele espaço.
Ora o que parece acontecer é que se desconhece, com o detalhe exigível, o projeto da edilidade para aquele espaço e que linhas nortearão a obra entretanto anunciada. Para o efeito, pouco se esclarece quando se reconhece que “se trata de uma área de intervenção de grande importância para a cidade, pelo que vamos dotá-la das melhores condições, num contexto de qualidade de vida urbana.” Estas formulações, sempre abstratas para serem consensuais, nada adiantam. Ficamos todos na mesma.
"Se o desiderato maior se confinar a (re)contruir um coreto aparelhado por uma estrutura envidraçada a que, por razões de oportunismo emocional, alguns pretenderão associar ao emblemático Girassol, devo prevenir que afinal se trata de muito dinheiro. A coisa sair-nos-á cara.
Infelizmente, constata-se agora, não deverá ter lugar um qualquer concurso de ideias com o envolvimento de parceiros autorizados como seria o caso da Ordem dos Arquitectos. Complementarmente, parece que a tão requisitada sociedade civil não foi (nem será) tida para o enriquecimento da decisão, num chorrilho de evidências que baixa consideravelmente as expectativas.
Reafirmo: a Praça Alameda 5 de Outubro não pode ser um equipamento inerte, um ponto de passagem a caminho de qualquer coisa que não gera qualquer vínculo com os cidadãos. Se o desiderato maior se confinar a (re)contruir um coreto aparelhado por uma estrutura envidraçada a que, por razões de oportunismo emocional, alguns pretenderão associar ao emblemático Girassol, devo prevenir que afinal se trata de muito dinheiro. A coisa sair-nos-á cara.
Estamos confrontados com um momento de opção que marcará gerações. Há que ter essa consciência. Por isso e em razão dos constrangimentos da situação presente, importaria edificar um equipamento que exponenciasse as possibilidades de uso e de apropriação numa perspetiva duradouramente inclusiva. A menos, claro está, que se pense que “estas coisas” não dizem respeito às pessoas ou até mesmo que as populações jamais estarão preparadas para dar um contributo válido em matérias que lhes dizem (efetivamente) respeito…
José Manuel Alho